O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), usou as redes sociais para rebater, nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo é que, mais cedo, o mineiro foi alvo de críticas de Lula e ministros da Esplanada por ter faltado à cerimônia, no Palácio do Planalto, de assinatura da concessão da BR-381, em Minas Gerais, conhecida como “Estrada da Morte”.
“Presidente Lula, o PT prometeu essa mesma obra nos 188 meses de governo, mas não entregou. Por isso, quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381 eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos”, respondeu o governador, por meio da rede social “X”.
Na cerimônia de hoje, o primeiro ataque partiu do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB). Na avaliação do titular da pasta, a ausência de Zema o “apequena” como gestor e mostra que o governador do Novo está “contra o interesse do cidadão”.
“Uma pena que o governador de Minas não esteja aqui nesse momento porque nunca nenhum governo deu tanta atenção a Minas quanto o senhor está dando agora. Vi o governador de Minas Gerais cobrando investimentos no governo passado e agora, mas não o vejo aqui nesse momento. Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra. Isso apequena o gestor público”, disse Renan Filho.
“O gestor público pode fazer tudo: pode ter perfil mais político, mais técnico, ser operário ou empresário. Só não pode priorizar política contra interesse do cidadão. E é isso que governo de Minas faz ao não estar presente quando está sendo dada a solução ampla geral e irrestrita pra rodovia da morte”, acrescentou.
Romeu Zema é próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem, frequentemente, trocado farpas com ministros da gestão Lula. Em seguida, quem embarcou nas críticas foi o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), que também participou do evento.
“Os que gostam de ‘lacrar’ na internet deixaram as estradas de Minas Gerais com apenas 42% consideradas boas. Não é com celular na mão, gravando vídeos para lacrar, que a gente vai reconstruir esse país e tornar esse país orgulho do povo brasileiro. É com dedicação, eficiência e buscando soluções”, complementou.
A estrada é um importante corredor logístico para o escoamento de produtos industriais, inclusive porque atravessa o chamado “Vale do Aço”, no interior de Minas Gerais, além de interligar o Estado mineiro a São Paulo e Espírito Santo, o que resulta em um intenso fluxo de caminhões, ônibus e veículos leves.
Além disso, BR-381 ficou popularmente conhecida — no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares — como a “Rodovia da Morte” — por conta do traçado altamente sinuoso, pistas simples na maioria do percurso, baixa manutenção da estrutura e ausência de iluminação e sinalização. Números da Polícia Rodoviária Federal (PRF) indicam por exemplo, que entre os anos de 2018 e 2023 foram registrados 3.960 acidentes, 420 deles com mortes, ao longo do trecho.
Com a concessão, a BR-381 será administrada pela Concessionária Nova 381 e, segundo o governo petista, vai contar com investimento de R$ 10 bilhões (Capex e Opex) em 30 anos de concessão. O trecho em questão, com extensão total de 303,4 km, tem início em Belo Horizonte/MG, no entroncamento com a BR-262/MG até o entroncamento com a BR-116/MG (Governador Valadares/MG).
Na prática, a concessão vai abranger 13 cidades às margens da estrada e outras que dependem indiretamente dela, resultando em um tráfego médio de 24,7 mil veículos ao dia. A expectativa é de que a concessão beneficie 4 milhões de pessoas que vivem na região e promova 83,5 mil empregos diretos e indiretos.