O influenciador e humorista Whindersson Nunes tem apostado no potencial da economia canábica. Ele é sócio há um ano da marca É o Hype Culture e agora anunciou o lançamento de sua própria coleção de roupas fabricadas a partir de tecidos com fibras de cânhamo e algodão orgânico.
No caso da coleção de Whindersson Nunes, o cânhamo é importado da China e, segundo a É o Hype Culture, cumpre todas as licenças e garantias de padrão de qualidade e sustentabilidade.
A história da É o Hype Culture
A marca foi criada oficialmente há um ano. Whindersson é um dos três sócios da empresa. A É o Hype Culture não possui lojas físicas e as vendas são todas realizadas por meio do site oficial. Atualmente, uma camiseta simples custa em torno de R$ 169.
Com sede no bairro da Barra Funda, em São Paulo (SP), a empresa possui mais de 40 colaboradores. Para este ano, a aposta da marca é trazer rentabilidade para fomentar projetos sociais, além de investir em uma produção ainda mais sustentável.
“Não buscamos crescimento em larga escala, mas sim um crescimento consciente”, comenta a gerente geral da É o Hype Culture, Bárbara Dib.
Uma das apostas para o ano é a coleção assinada por Whindersson. As peças do portfólio lançadas pelo humorista levam algodão orgânico e fibras de cânhamo na produção. Whindersson é conhecido por apoiar a ‘causa canábica’ e já se posicionou a favor do uso da planta para fins medicinais e pessoais.
No início de 2022, quando Whindersson enfrentou o boxeador Acelino Popó Freitas, o Popó, em uma luta exibição realizada em Balneário Camboriú (SC), o humorista foi patrocinado pela USA Hemp Brasil. A marca é voltada ao mercado da cannabis medicinal e vem investindo no esporte para se mostrar ao público.
A É o Hype Culture não abriu números de vendas ou faturamento. Mas a perspectiva é crescer 50% em 2024 frente ao ano anterior. A reportagem tentou contato com Whindersson, mas não obteve sucesso. A marca disponibilizou como porta-voz a gerente geral Bárbara Dib.
Produção feita por coletivos sociais
Parte da produção das peças da É o Hype Culture é feita por coletivos de impacto social. Entre eles, está o “Tem Sentimento”, localizado na região conhecida como ‘Cracolândia’, em São Paulo, onde a marca oferece oportunidades para que mulheres trans saiam das ruas, tenham sua própria renda e se capacitem para o mercado de trabalho de corte e costura.
Outra parceria é com o projeto “Mães que Florescem”, em conjunto com a “Casa Sandríssima”, em Franca, interior paulista, que acolhe, capacita e gera emprego para mulheres que sofreram violência doméstica e/ou estão em situação de vulnerabilidade.
Além disso, a equipe de Whindersson Nunes documentou todo o processo de produção, desde a trajetória do cânhamo no Brasil até as pessoas por trás desse trabalho. O objetivo é informar e mostrar que a planta pode ser utilizada não apenas na área medicinal, mas também na moda.
Uso do cânhamo no setor têxtil
Segundo a Kaya Mind, consultoria voltada ao mercado da cannabis, o cultivo da planta para uso medicinal, industrial e recreativo, tem potencial de movimentar aproximadamente R$ 36 bilhões na economia brasileira em até quatro anos após a possível regulamentação.
Certificar as plantações foi uma estratégia criada pela empresa após perceber como o comércio ilegal de cannabis no País afeta a confiabilidade dos produtores, impactando a cadeia logística. Entre os desafios atrelados à confiança está a importação da semente, venda do produto, parceiros de produção, etc. Diante dessas barreiras, a startup decidiu criar uma plataforma de certificação de cultivo de cannabis.
Em todo o mundo, segundo o relatório global sobre Cannabis produzido pela consultoria Prohibition Partners, o mercado de Cannabis gerou cerca de US$ 37 bilhões somente em 2021 e tem potencial para alcançar US$ 120 bilhões até 2026, impulsionado principalmente pelo crescimento do setor em países como Alemanha, Austrália e Israel.
Ainda não há no Brasil uma legislação que autorize a utilização comercial da fibra da maconha para a indústria têxtil. Um projeto apresentado na Câmara dos Deputados, o PL 399/2015, propõe viabilizar a comercialização de derivados da planta, mas ainda não houve avanços na tramitação.