O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse nesta quarta-feira (3) que o programa Voa Brasil começará a operar em abril. A previsão foi anunciada após sucessivos adiamentos sobre o lançamento da iniciativa, prevista inicialmente para 2023.
O anúncio de Costa Filho foi feito durante participação do evento de lançamento do programa Asas para Todos, uma iniciativa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), que tem como objetivo incentivar a diversidade, a inclusão e a capacitação no setor aéreo.
Os ministérios do Turismo, das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e da Cidadania também estão envolvidos no projeto e assinaram um acordo de cooperação técnica.
Já do setor aéreo, participam do projeto a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a Aeroportos do Brasil (ABR), a Azul, a Infraero Aeroportos, a Airbus, a Associação Internacional de Mulheres na Aviação (IAWA, na sigla em inglês) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). Além disso, algumas Universidades Federais também integram o grupo.
O projeto Asas para Todos foi criado com a intenção de ampliar a participação de mulheres, pessoas LGBTQIA+ e estudantes de baixa renda, por exemplo, na aviação civil. De acordo com a Anac, a intenção é promover a inclusão social e um pacto pela diversidade na aviação brasileira.
O programa conta com três pilares: mulheres na aviação, inclusão e diversidade e formação e capacitação. Sobre os benefícios que são esperados com a iniciativa, estão a melhoria do atendimento aos passageiros, o combate a práticas discriminatórias, combate a desigualdade de gênero no setor aéreo e a maior disponibilidade de mão de obra qualificada.
Ao falar sobre o programa, Costa Filho cobrou envolvimento das concessionárias com o projeto e lembrou que mais de 130 milhões de passageiros devem passar pelos aeroportos brasileiros nos próximos três anos.
O diretor-presidente substituto da Anac, Tiago Pereira, afirmou que o projeto vai auxiliar na inclusão feminina em um ambiente que é majoritariamente masculino. Além disso, apontou que os custos de formação para áreas da aviação civil são extremamente elevados, e que isso se reflete na composição de profissionais do setor. Tiago apontou que apenas cerca de 3% dos pilotos de avião são mulheres, e que isso é um “entrave” no setor, inclusive na captação de mão de obra.
Já o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, relembrou o caso de racismo sofrido pela porta-bandeira da escola de samba Portela, Vilma Nascimento, no aeroporto de Brasília no ano passado e salientou que é preciso enfrentar os problemas sociais. “Não é natural que a aviação seja um local hegemonicamente de homens brancos, e isso precisa ser enfrentado”, disse.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, por sua vez, disse que é preciso trabalhar a inclusão em diversas áreas da sociedade. De acordo com a ministra, o espaço aéreo é historicamente negado para pessoas negras. “Muitas pessoas negras nesse país não têm a oportunidade de andar de avião, e as que andam, andam com medo”, apontou.