Wagner Moura é um dos protagonistas de “Guerra Civil”, filme de ação com o maior orçamento da A24 até hoje —US$ 50 milhões, cerca de R$ 262 milhões. O longa é uma produção inteiramente internacional e, para Moura, é uma honra poder estrelar o título e vir ao Brasil para divulgá-lo.
[Estou achando] incrível, porque, no fundo, tudo o que faço, faço para as pessoas daqui. Sobretudo para o povo do Salvador, para os meus amigos da Bahia. Faço para o povo da Bahia ver.
Warner Moura, em entrevista a Splash
Na produção, o ator interpreta Joel, um jornalista de guerra que cruza os Estados Unidos para tentar uma entrevista com o presidente do país. Dirigido por Alex Garland, “Guerra Civil” conta também com Kirsten Dunst (“Melancolia”) e Cailee Spaeny (“Priscilla”) como protagonistas.
Joel é um homem americano, sem nenhuma ligação com o Brasil ou qualquer país latino, o que deu a chance ao ator de deixar de lado qualquer estereótipo existente. Para Moura, a intenção é trabalhar com todos os tipos de personagens, “o que eu quiser fazer”, explica.
O que acho é que temos que nos afirmar como uma parte importante [dos EUA].
Uma das cenas mais angustiantes de “Guerra Civil” acontece quando o personagem de Jesse Plemons questiona Joel sobre “qual tipo de americano ele é”. “Os Estados Unidos é um país construído pela migração de gente como eu, que fala como eu falo. Politicamente, gosto de afirmar meu estrangeirismo.”
A firmeza de Wagner Moura também aparece quando é perguntado se pode mudar seu sotaque brasileiro, mesmo que falando em inglês. “Eu falo assim, então vou falar assim.”
Posicionamento político
Além de seu trabalho e sucesso internacional, o ator é conhecido por ser militante de esquerda quando o assunto é política, porém, “Guerra Civil” o teria deixado mais tolerante com o “diferente”.
Continuo sendo um homem esquerda que acredita na justiça social e em várias coisas ditas progressistas. No entanto, eu entendi, sobretudo fazendo este filme, que o maior obstáculo e maior perigo às democracias do mundo hoje é a polarização política, isso é muito palpável. Nos EUA isso é muito forte, ainda mais em ano de eleição, mas no mundo todo.
Wagner Moura
A tolerância, no entanto, tem um limite: o radicalismo. “Não vou conseguir sentar e falar com um nazista. Mas, se a pessoa pensa que o estado deve gerir de uma forma diferente da forma que penso, porque não sentar e conversar e às vezes até mesmo mudar a minha opinião”, conclui.