Uma mulher peruana que sofria de uma doença degenerativa morreu por eutanásia depois de uma longa batalha judicial que terminou com uma decisão histórica que lhe permitiu pôr fim à sua vida com assistência médica, disse sua advogada na segunda-feira (22).
Ana Estrada, 47 anos, conviveu com uma doença rara e incurável chamada polimiosite, que causa fraqueza muscular, nas últimas três décadas. Ela estava acamada e precisava de um ventilador para respirar.
Ela morreu no domingo (21), disse sua advogada Josefina Miro Quesada no X.
Estrada, psicóloga, foi à Justiça em 2016 para lutar pelo acesso à eutanásia, ilegal no Peru. Em 2022, a Suprema Corte do país latino-americano confirmou uma decisão que concedia a Estrada isenção para acabar com a vida.
“Ana deixou-nos gratos a todas as pessoas que ajudaram a dar-lhe voz, que estiveram com ela nesta luta e que apoiaram a sua decisão incondicionalmente, com amor”, disse Miro Quesada.
A eutanásia é ilegal na maioria dos países, incluindo o Peru, uma nação de maioria católica romana. Na América Latina, Colômbia, Equador e Cuba permitiram a prática sob certas condições.
Em entrevista à Reuters após a vitória no tribunal, Estrada disse esperar que seu caso estabelecesse um precedente legal para o direito à eutanásia. Segundo a lei peruana, ajudar alguém a encerrar a própria vida e matar um paciente terminal é punível com pena de prisão.
Embora a decisão do Supremo Tribunal não tenha legalizado a morte assistida, isentou de qualquer punição o médico que forneceu o medicamento para acabar com a vida de Estrada.
“Chegará um momento em que não poderei mais escrever ou me expressar”, disse Estrada na época. “Meu corpo falha, mas minha mente e espírito estão felizes. Quero que os últimos momentos da minha vida sejam assim.”