Comparar a felicidade de diferentes países, com seus mais distintos modos de vida, cultura e condições socioeconômicas, é uma tarefa difícil. Mesmo assim, essa é a missão da World Happiness Foundation, que entrevista 100 mil pessoas para desenhar o mapa da felicidade mundial.
Todo dia 20 de março, eleito pela ONU como o Dia Internacional da Felicidade, a fundação lança o World Happiness Report. O estudo anual é baseado em dados de fontes como a Gallup World Poll, alavancando seis fatores principais: apoio social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção.
Em 2023, a Finlândia liderou o ranking como o país mais feliz do mundo – feito que a nação escandinava já alcançou seis vezes consecutivas. Já o Brasil caiu 11 posições, indo do 38º para o 49º lugar.
Luis Gallardo: O principal critério que usamos é a avaliação da vida da metodologia “Escada de Cantril”, onde os entrevistados de 130 nacionalidades diferentes classificam sua vida atual em uma escala de 0 a 10 – sendo 10 a melhor vida possível e 0 a pior. Além disso, outros fatores incluem o PIB per capita, a esperança de vida saudável, o apoio social, a liberdade, a generosidade e a ausência de corrupção. Esses critérios são ponderados e combinados para formar uma avaliação abrangente.
Como a fundação começou a fazer esse ranking?
A história da fundação começou há mais de dez anos, com a adoção da Resolução 66/281 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Ela proclamou o dia 20 de março como o Dia Internacional da Felicidade. A partir dessa iniciativa, houve um consenso crescente sobre a importância de medir a felicidade nacional, o que levou ao desenvolvimento do World Happiness Report como uma ferramenta para avaliar e comparar os níveis de felicidade entre os países.
Quais os maiores desafios ao fazer esse estudo?
Um dos maiores é coletar dados comparáveis em diferentes países e culturas. Depois, analisar os diversos fatores que influenciam a felicidade, e entender como eles interagem entre si. Eventos globais, como a pandemia de Covid-19, também apresentam desafios adicionais porque afetam os níveis de felicidade e os fatores que a determinam.
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Um povo é feliz por causa da renda ou outros fatores são mais importantes?
Pessoalmente, associo que a felicidade de uma nação não depende exclusivamente da renda, embora ela desempenhe um papel importante. Fatores como apoio social, expectativa de vida saudável, liberdade para tomar decisões de vida, generosidade e percepção de corrupção também são cruciais. A combinação de bem-estar econômico, social e político tem um impacto significativo na felicidade.
De que forma você enxerga que a felicidade mundial mudou ultimamente? Estamos mais felizes?
Nos últimos anos, a felicidade mundial enfrentou desafios significativos, especialmente com a Covid, que afetou diversos aspectos da vida e do bem-estar geral. Embora tenham sido observadas flutuações nos níveis de felicidade, com aumento do estresse, preocupação e incerteza (especialmente devido às consequências econômicas e sociais da pandemia), também houve um aumento em comportamentos pró-sociais. Isso sugere uma complexa interação entre crises e aspectos que promovem resiliência e solidariedade.
O que podemos esperar dos resultados de 2024?
Que a pandemia continue a ter impacto nos níveis de felicidade global, com possíveis mudanças nos fatores. Algumas surpresas podem surgir, especialmente considerando as complexidades e as variáveis em jogo.
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Em relação ao Brasil, o que você destaca sobre a nossa felicidade e posição no ranking?
O Brasil enfrenta desafios como desigualdade econômica, problemas de saúde pública, corrupção e violência. No entanto, também existem oportunidades, como o fortalecimento de redes sociais, investimento em saúde e educação, promoção da igualdade econômica e melhorias na infraestrutura e meio ambiente. O país pode se beneficiar ao abordar esses desafios e aproveitar essas oportunidades para melhorar o bem-estar e a felicidade de sua população.