Uma parcela muito pequena dos brasileiros multimilionários coloca dinheiro nos chamados investimento de impacto, aquele em que há um objetivo claro de melhoria social ou ambiental, além do retorno financeiro. Isso não chega a ser novidade, nem uma boa notícia do ponto de vista da repercussão positiva que esse tipo de alocação proporciona. Um levantamento inédito mostrou que apenas 19% dos gestores de grandes fortunas entrevistados usam critérios ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança) ao fazer a alocação de parte dos recursos.
“Isso é muito comum. Se perguntar para alguém se ele quer fazer o bem ao mundo, a resposta vai ser sim. Mas se perguntar se a pessoa aceita abrir mão de retorno para fazer o bem, a maioria vai responder que não. Poucas são as oportunidades que é possível ter tudo. Como tudo na vida, também há ‘trade-off’ em investimento de impacto”, diz Letelier, com a experiência da Sitawi de ter mobilizado mais de R$ 450 milhões para mais de 3 mil iniciativas, que beneficiaram 14 milhões de pessoas e apoiaram a conservação de 5 milhões de hectares no Brasil. “Advogamos que as pessoas entendam esse ‘trade-off’ e escolham o investimento de impacto mesmo assim.”
“Notamos que já existem sinais de um crescimento gradual de abordagem de ‘investimento impacto-consciente’”, afirma Letelier. Mais da metade (52%) dos respondentes disse incluir abordagens de impacto socioambiental (“Finance First” ou de “Impact First”) em seus portfólios. Como explica a tabela acima, o primeiro prioriza retorno financeiro à frente do impacto. Já o segundo visa maior impacto, aceitando taxas menores de remuneração e maior risco.